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Condições para o Naz-ismo


Acho que seja senso comum que devemos combater sem tréguas todo e qualquer indício de naz-ismo e outros autoritarismos. Pena que algumas crenças atuais atuem para que filosofias similares persistam e proliferem.

Que características podemos atribuir ao naz-ismo para que possamos reconhecê-lo e, consequentemente, combatê-lo? Que comportamento caracteriza um naz-ista? o que ele sente? Como ele se coloca perante as outras pessoas? Enfim, que emoções e sensações são necessárias numa pessoa para ela se tornar um naz-ista?

Todos sabemos que o Naz-ismo foi um movimento político liderado por Ad-olf Hi-tler que se desenvolveu na Alemanha após a Primeira Grande Guerra. Suas principais características são o racismo, o antissemitismo e a eugenia.

Racismo. O racista considera que as pessoas com a sua cor de pele são superiores e melhores que as de outra cor. O núcleo dessa sensação é: somos superiores, valemos mais que todos os demais. A desculpa é a cor da pele.

Antissemitismo. Relevante relembrar que a escolha dos judeus para despejar o ódio não foi à toa. Na Alemanha da época os semitas detinham boa parte das empresas, destaque social e algum poder. Eram mais ricos, mais qualificados e mais bem colocados que a grande maioria dos alemães. Assim o antissemitismo característico do naz-ismo se identifica pelo ódio direcionado àqueles que titubeiam a sensação própria do naz-ismo – a de ser superior, mais inteligente, mais bem informado, mais poderoso, coisas assim.

Eugenia. Também a partir da certeza de serem superiores os naz-istas acreditavam que seus genes são melhores que os demais, que o mundo seria melhor se seus genes predominassem e dominassem no mundo, preferencialmente excluindo os demais.

Pedra angular

Ora, a pedra angular na qual o naz-ismo se estrutura é a própria supremacia somada à necessidade de eliminar os supostos adversários, aqueles que colocam em dúvida essa supremacia. Em outras palavras: é a autovalorização com a eliminação das contrapartes.

Troquemos a referência de cor da pele ou raça por ideologia. Trocando apenas de objeto e mantendo as naz-iemoções e naz-iposturas, vamos encontrar pessoas que valorizam suas ideologias em detrimento da dos outros.

Defender, valorizar e comemorar as vitórias do time preferido é uma coisa, quando uma torcida agride a concorrente, é outra coisa.

Quando um vegetariano se assume e faz campanha pela causa é uma coisa. Quando um vegano quer proibir o consumo de carne animal, pode ser outra coisa.

Quando uma pessoa defende seu partido político é uma coisa, quando quer eliminar seus adversários porque não conseguiu convencê-los ou comprá-los, é outra coisa.

Quando uma escola assume uma linha de ensino é uma coisa. Quando passa a discriminar e até criminalizar outra linha, é outra coisa.

Optar por seguir ou não uma religião é uma coisa, querer impor o ateísmo ou a sua religião como a única opção, é outra coisa.

Ter a sua opção sexual é uma coisa, limitar opções ou impor experiências múltiplas ou hétero conforme suas crenças e desejos é outra coisa.

Enfim, supostamente combater o mal e fazer as boas escolhas é altamente saudável. Defender a responsabilização de cada um dos nossos atos, também, pois podemos sempre estar enganados. Criminalizar as diferenças, achar que todos que contestam são maus, egoístas, degenerados e devem ser eliminados, mesmo não incorrendo em crimes tipificados, é outra coisa.

E essa outra coisa é indício de supremacia com o desejo de eliminar os adversários, o principal sinal do naz-ismo, da Ku Klux Klan, do racismo, da homofobia e de tantos outros males que dizem combater.

Obnubilação

A divisão da sociedade é necessária para que seu povo seja controlado e seu país explorado, pelo menos até que uma ditadura seja instaurada. Segue o projeto de poder: no mundo supostamente livre estão aumentando as propostas de autovalorização e de destruição dos dissidentes.

Inocentes úteis são os que acreditam nas boas intenções das mídias e da ONU quando combatem males como o nazismo, o racismo, o machismo e outras atrocidades. De fato, até lutam contra tudo que podemos reconhecer como politicamente incorreto, mas nebulosamente disseminam as pedras angulares desses males na sociedade, de modo a manter e aumentar o ódio e a divisão. O ódio e a sensação de superioridade até é condenada quando contra mulheres, negros ou membros LGBTQIA+, mas fortalece-se e destila-se o mesmo ódio e superioridade por grupos da mesma sociedade.

Essa boa luta – a de combater o racismo, o fascismo, o machismo, o feminismo e tantos outros males politicamente incorretos – serve como desculpas e fachada para combater as culturas tradicionais e facilitar a influência das mídias no comportamento atual, como a disseminação do ódio e da agressividade. Afinal, que a agressividade intergrupos, inclusive familiares, está aumentando, ninguém pode negar. Assim como ninguém pode negar também que isto facilita o controle social.

Novas versões para o naz-ismo

Não estranho a sensação de ver, a cada esquina ou em cada sala de aula, um grupo de naz-istas, fascistas, racistas, machistas, petistas, bolsonaristas ou equivalente combatendo exatamente grupos que acusam ser de naz-istas, fascistas, racistas, machistas...

Tantos com a sensação de superioridade e a necessidade de eliminar seus adversários. Com o apoio das mídias e pelo fato de não percebemos como somos manipulados ao odiar um grupo, o quadro só evolui.

Como costuma haver nos grupos adversários pessoas que de fato podem ser acusadas desses títulos e crimes, muitos se sentem embasados e justificados para agirem. Acredite: em todos os grupos há os que realmente merecem títulos vis, mas não costumamos perceber quando é no nosso grupo.

Devemos combater firmemente o naz-ismo!

Sim, certamente. Mas continuam as mensagens de autovalorização, de valoração dos próprios ideais, de seguir a própria intuição, que cada um tem a sua verdade, orientações ao afastamento dos que nos confrontam nas mídias, inclusive sociais.

E se fortalecem o ódio intergrupos sociais.

Algo que cheira à hipocrisia.

Ainda não sei por que tantos acreditam que as mídias sociais não fazem parte do sistema de controle social. Usar uma informação das mídias como prova de alguma coisa mostra muita, muita inocência.

Observação

Não podemos, de fato e por justiça, alcunhar as novas gerações de naz-istas, seria melhor o título metanaz-istas. Os naz-istas o eram a partir de um grupo, de uma terceira entidade, logo, eram sociais, defendiam seu povo e região. Os que herdaram ou foram induzidos a adquirir suas vis características são individualistas, egóicos, amam a si acima de tudo, não ao seu povo. Valorizam apenas seus ideais, têm sua ideologia e se agrupam, mas não defendem mais do que isto, não amam mais que isso. Nitidamente desprezam seu povo. Alguns até preferem cães ou gatos a humanos. Nada contra o amor que trocamos por pets, mas o desprezo por outros seres humanos me salta às vistas: não é necessário para que a relação com o animal de estimação seja saudável.

Até penso o quanto a vida virtual facilita o amor às ideologias como se reais fossem e influencia a involução social. Como as novelas, filmes e séries que ajudaram a formar as novas ideologias. Mas isto será argumento para um curso longo, não cabe em um texto.

 

Retornar à relação de reflexões iniciais - pensamentos nebulosos.