DRS.05

Túnel do carpo


Dica para reduzir o tempo de tratamento nos casos de síndrome do túnel do carpo: não considere que seja uma síndrome, mas um sintoma comum a vários quadros. Identifique um dos quadros e o trate, não a síndrome em si.

Mas, antes, pesquisemos o que seria, qual seria a causa e como se trataria.

O que é a síndrome do túnel do carpo?

Como toda síndrome, este mal é caracterizado por uma série de sintomas. Neste caso dor, alterações da sensibilidade ou formigamentos no punho, regularmente até choque ao forçar um pouco mais as mãos; redução da sensibilidade dos dedos (exceto o mínimo); a dor costuma irradiar para o braço e chegar ao ombro, normalmente se agravando durante o período noturno de descanso (retirado da internet- pesquise outras explicações).

Isto ocorre por compressão de um nervo (mediano) ao passar pelo túnel do carpo (espaço entre os ossos da base da mão). Este nervo é responsável pela sensibilidade e movimentos de alguns dos músculos da mão, do polegar e de alguns dedos.

Todos os trabalhos manuais acabam prejudicados. Como pentear os cabelos, abrir portas, dirigir ou descascar legumes.

O que provoca este mal?

Em acordo com certos textos da internet, geralmente está associado a movimentos manuais repetitivos que provocam inflamação na região, o que empurra o nervo em direção ao ligamento (tecido conjuntivo na parte superior do túnel). Há uma pesquisa mostrando que não: que o índice de incidência da síndrome em digitadores é o mesmo que na população geral, cerca de 10%.

Há quem afirme que a maioria dos casos não parece relacionada a qualquer causa específica.

Esta síndrome pode incidir durante a gestação, desaparecendo após o parto. Também pode ocorrer durante o climatério ou na menopausa.

Outros fatores podem estar associados a essa compressão: deslocamento de um osso do carpo na direção do túnel (o osso semilunar); edemas, luxação ou intumescências consequentes de lesões na extremidade distal do rádio (parte do osso do braço junto às mãos); artrite reumatoide; linfatite (inflamação no sistema linfático); doença de Paget (que deforma ossos); doenças da tireoide.

Eu tenho a impressão que o uso dos celulares aumenta a incidência deste mal. Não apenas porque esse sintoma quando instalei o WhatsApp no meu celular, que só melhorou quando apareceu o WhatsApp Web e eu passei a esperar estar no computador para responder e enviar a maioria das mensagens. Mas principalmente porque não haviam tantas pessoas com essa queixa há trinta e a quarenta anos.

Também acredito que possa ter relação com os travesseiros e a ergometria ao dormir. Regularmente os quadros de túnel do carpo vêm acompanhado de queixas cervicais.

Afinal, qual a origem do mal?

Como se trata? 

Médicos normalmente recomendam os anti-inflamatórios e algum antiálgico, com ou sem relaxantes musculares. Aos refratários e em casos de muita dor, injeção de corticóide. Há médicos que recomendam logo a Fisioterapia, alguns que só a recomendam após a falha do tratamento farmacológico e há aqueles que não acreditam na eficácia desta terapia e encaminham os casos persistentes diretamente à cirurgia (que retira parte do ligamento para aliviar o tendão). Eventualmente podem receitar complexo B por causa da vitamina B6 (esta vitamina alivia o sintoma e costuma ter níveis baixos em gestantes e as mulheres que utilizam anticoncepcionais orais, mas não se comprova eficácia em outros casos).

Fisioterapeutas costumam utilizar o ultrassom pelo efeito anti-inflamatório e o TENS para o alívio das dores. Regularmente utilizam movimentos cinestésicos que visam reduzir o edema local e orientam exercícios corretivos. Pode acreditar: estes recursos costumam retirar dos seus pacientes a indicação cirúrgica.

Síndrome ou sintoma?

Da forma que ela vem sendo apresentada, até parece uma síndrome, não é mesmo? Então me diga: qual o origem do mal? Se a considerarmos uma síndrome, não teremos a resposta, mas se a tivermos por sintoma comum a vários quadros, teremos várias opções.

Quadros clínicos em que há compressão do nervo mediano

·        Artrose no punho. A degeneração da articulação pode comprimir o tal nervo. Como em muitos dos casos em pessoas da terceira idade.

·        LER, ou lesão por esforço repetitivo. Alguma substância como a substância P, o ácido lático ou outro resíduo metabólico pode desgastar a bainha de mielina do referido nervo. Comum em casos do uso excessivo do celular e em digitadores.

·        Luxação. Um acidente desloca o osso semilunar em direção ao túnel, comprimindo o nervo. Eu passei por isto: dei uma martelada acidental na própria mão ao fincar uma estaca com um martelo.

·        Gravidez. Hormônios da gravidez facilitam edemas, que comprimiriam o tal nervo no tal túnel.

·        Certos hormônios, problemas no dreno linfático local, certas doenças renais e muitas substâncias podem facilitar edemas, com o mesmo efeito.

Há ainda outras possibilidades, mas estas nos bastam aqui.

Ora, cada quadro destes requer um conjunto de recursos diferentes!

Ao se nomear o sintoma dor no carpo por compressão do nervo mediano de síndrome do túnel do carpo, cria-se a ilusão que é tudo a mesma coisa, daí existir apenas um protocolo regular: anti-inflamatórios, analgésicos, TENS, ultrassom e, eventualmente, cinesioterapia. Entenda: há recursos mais eficazes em alguns daqueles quadros que simplesmente não devem ser utilizados em outros! Imobilizar, deslizar a articulação, cinesiologia, infravermelho e gelo são recursos que certamente terão ótimo efeito em alguns dos quadros e que não devem ser utilizados em outros. A alimentação, poderosa terapia, também dependerá do quadro específico, só o sintoma (dor no carpo por compressão do nervo) não é suficiente para selecionarmos as terapêuticas mais eficazes!

Os recursos integrativos e alternativos têm diferenças que os fazem indicados e eficazes em alguns daqueles quadros, e contraindicados em outros. Por isto diagnóstico não deveria parar na identificação do sintoma-síndrome, mas na correta identificação do mal: luxação, LER, artrose etc.

Ou seja, se esse mal for corretamente diagnosticado, podemos esperar menor tempo de tratamento, menor número de seções, redução no consumo de fármacos, melhoria da qualidade vida, redução no número de cirurgias e outras vantagens.

Certamente sei que os médicos não têm interesse em atrasar o tratamento assim como há inúmeros fisioterapeutas que não seriam capazes de prejudicar seus clientes. Mas o problema não são eles, os profissionais, é o Sistema. Se ninguém lhes oferecer as opções, se as reflexões acima lhes são negadas durante a graduação, usarão apenas as que aprenderam nas faculdades.

Convite

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Sobre a sindromização.

 

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