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Como
nos postamos perante problemas? |
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Costumamos ter
consciências diferentes em relação aos nossos problemas e, por isto, são
distintas as formas como lidamos com as nossas dores, doenças e demais
dificuldades da vida. Vejamos algumas das opções. Considere alguns problemas e queixas Por
exemplo: ü Minha mãe ou o meu cônjuge me persegue, está sempre me
cobrando algo, sempre insatisfeito comigo. ü Essa dor nas costas não passa! ü Meu vizinho faz muito barulho, não respeita a vizinhança, põe
som alto. ü Meu salário nunca dá até o final do mês! ü Sofro de insônia, demoro mais de duas horas para cair no
sono após me deitar! Participe!
Escolha pelo menos uma de suas queixas para acompanhar a reflexão. Agora
diga com sinceridade, como devemos resolver a questão? Opções: Postura 01*- Naturaliza. Por
vezes, não reparamos ou até convivemos bem com o problema. Simplesmente não o
percebemos ou apenas o naturalizamos. ü Companhia chata? É assim mesmo, faz parte da relação,
ninguém é perfeito. ü Dor? É uma experiência universal, todos sentimos. Só
evitar as coisas que a aumentam e se ocupar com outras. ü Vizinho barulhento? Direito dele e meu ouvirmos som como
quisermos, ligo outro som aqui. ü Falta dinheiro? Contas atrasadas? Quem não tem? ü Insônia? Já me acostumei a deitar duas horas mais cedo.
Até ajuda a relaxar. É
como se todos os problemas fossem naturais ou necessários, e as possíveis
soluções, eventos naturais ou atos de magia. Postura 02- Reclama do problema ou
de quem aparentemente o gerou. Uma
maneira típica de lidar com problemas é falar compulsivamente deles ou da
contraparte. As reclamações, como o choro de bebês, indicam que há algo
importunando. Ou alguém. E uma boa alma, logo logo,
o ouvirá e se empenhará em resolver a questão. Há
pessoas que passam a vida reclamando, nem sempre à toa, por vezes sem
condições de resolverem sozinhas seus problemas. Por isto ora reclamam do
problema, ora de quem os gerou: a mãe, o cônjuge, o Estado, o Inimigo, os
políticos do outro partido, o mau profissional ou o suposto responsável pela
questão. Postura 03- Pede ajuda. Como
uma criança que pede à sua mãe que o alivie de algum incômodo ou dor, podemos
procurar um especialista (doutor, gerente de banco, psicólogo, líder
espiritual, profissional da segurança, mecânico de carros, cozinheira,
restaurante ou qualquer outro profissional ou serviço) para que este resolva
o problema. Não
faltam adultos que esperam do Estado, do cônjuge, de Deus, da Medicina, do
patrão, do empregado, do Psicólogo, ou seja, de alguém competente e
qualificado a solução de seu problema. De
certo nos é conveniente buscarmos o médico na cura de nossas doenças, o
advogado para a defesa de nossos direitos, o líder espiritual na nossa
direção religiosa, o mecânico para o conserto do nosso carro e assim por
diante. Não são eles os profissionais? Pena
que nem todos os problemas possam ser resolvidos assim. Por exemplo, por
vezes a solução não se dá sem a efetiva contribuição do sofredor. Postura 04- Subjetiva-se,
coloca-se como o gerador da questão. Eventualmente há a necessidade de se colocar na
gênese do problema: o que eu fiz para estar nesta posição? Como eu consegui produzir esse problema? O
que eu teria feito para o familiar me cobrar tanto? Como consegui esta dor
nas costas? Por que não consegui fazer meu salário durar até o fim do mês? E
assim por diante. Esta
forma de se colocar em relação aos seus problemas e questões facilita
reflexões, questionamentos e o amadurecimento. Para algumas de nossas
questões, é um caminho necessário, é a forma de evitar posturas infantis e
submissas. Em outras, é apenas uma forma de se culpar e carregar mais peso,
atrapalhando até as soluções. Esta
postura sempre traz consigo a culpa. Até evitamos esta palavra, ela nos
sobrecarrega, e preferimos chamar de responsabilidade. Seja culpa ou
responsabilidade o nome que utilizemos, de fato, estamos na situação de
carregar o fardo de ser responsável pela questão. E isto pesa. Creio
que a maior dificuldade com este comportamento seja o hábito. Não é errado se
responsabilizar pelo problema, há situações que devemos assumir a culpa (ou a
responsabilidade, para os mais sensíveis). Também não é ruim responsabilizar
outras pessoas ou entidades, pode ser o caso. A grande dificuldade é que
costumam ter sempre a mesma postura: ou quase sempre nos responsabilizamos,
ou quase sempre evitamos as responsabilidades, reconhecendo-as na
contraparte. É o hábito de sempre ser a vítima, o algoz ou o juiz que
atrapalha a solução. Já
reparou que é prática usual, ao comentar um de seus problemas, a pessoa
associá-lo à alguma instituição, profissional, parente ou outra pessoa que é
tóxica, culpada, mal-intencionada ou incompetente, justificando
cancelamentos, indenizações, punições, militâncias e sensos críticos? E sem
direito à defesa. Postura 05- Retifica-se** - responsabiliza-se
pela solução do processo. Reconhecendo
ou não a nossa participação na gênese, alguns de nós assumimos a
responsabilidade pelo processo de solução. Fazemo-nos a seguinte pergunta: o
que eu faço para meu familiar não me cobrar tanto, para eliminar o problema,
não passar por necessidades, acabar com a dor nas costas ou resolver as
minhas dificuldades? Não que consigamos acabar com todos os problemas desta
forma, mas provavelmente uma boa parte deles. Tomar
as rédeas na solução de nossas dificuldades tem ares de boa conduta e faz-nos
sentir maduros e responsáveis. É o melhor caminho em muitas situações, mas
nem sempre. Assumir a responsabilidade, assim como a transferir, pode tanto
ajudar quanto dificultar a solução do problema. A responsabilidade da solução
costuma levar o herói à exaustão já que este se empenha em fazer o máximo
possível no menor período. Como consequência, a retificação nos deixa sempre
à margem do cansaço, do estresse e da depressão, com certa culpa nos
rondando: por não termos resolvido os problemas. Outros níveis de consciência Existem
ainda outras possibilidades como a posição do Ermitão e do Messias em relação
às nossas questões. E ainda podemos acumular algumas dessas posturas perante
o mesmo problema. Pode especular quais seriam as posturas que faltam e suas
características? Reflexão Alguns
de nós podemos sofrer eternamente com o mal e nunca procurarmos ajuda; outros
sempre convocaremos especialistas a nos ajudar; um grupo confiará piamente
nos profissionais do ramo enquanto outros procurarão outras opiniões e
terceiros darão preferência ao seu poder ou saber interior e dispensarão a
devida orientação profissional. Há
os que responsabilizam outros envolvidos e apenas estes enquanto alguns de
nós assumimos o processo, não contando com outros possíveis envolvidos. O
grande problema é a sensação que costuma nos acompanhar: que estamos tomando
a postura correta. É aqui que mais nos enganamos. Nossa tendência natural em
repetir o mesmo comportamento perante os problemas certamente é o primeiro
grande empecilho na solução de nossas dificuldades. Continuidade Desenvolva
este tema (nossa postura em relação aos nossos problemas) preferencialmente
em grupo. Reflexão.
Quais das posturas acima facilitam o controle social e a concentração de
renda e poder? Quais que não? Quais as posturas preferidas pelas culturas
tradicionais antigas, e quais as preferidas pela globalização e pelo
politicamente correto? * A
numeração é apenas didática. ** Leitura recomendada para compreender os
conceitos de subjetivação e retificação recém-comentados. As quatro mais uma
condições de análise, de Jacques Alain-Müller. Voltar
à relação de questões maturáveis. |
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