MM06.04

 

Nuances do amor

 


Sabemos que há diversos tipos de amor ou, pelo menos, diversos conceitos para as palavras amar e amor. Na verdade, cada um de nós utiliza ou utilizou mais de um desses conceitos. Um dos motivos para a multiplicidade desse conceito é que o amor amadurece. Ou não.

Sabemos que há outros, mas aqui vamos utilizar o seguinte conceito para objeto do amor: o local, pessoa ou atividade em que investimos nossa atenção, nossos pensamentos, nosso tempo, nossos desejos e nossos atos. Amar, aqui neste texto, seria a aplicar nossos valores e recursos, em especial o tempo de vida que temos com o objeto de amor (pessoa, função, ideologia, pet, casa etc.).

Todos nós, em especial recém-nascidos e crianças de colo, amamos as pessoas que nos cuidam, que podem nos ser fonte de prazer ou de alívio de dor. O primeiro regimento na aplicação de nosso amor é a busca pelo que nos dá prazer e proteção mais as que nos aliviam ameaças e sofrimento. Temos neurônios que nos guiam a isto desde o nosso nascimento. Até antes.

R-MM06.04a. O primeiro de nosso uso da frase eu te amo, o mais essencial de nossos amores, é pelo que nos dá prazer e evita atribulações? Não é difícil perceber que, em várias ocasiões e situações, nosso amor está vinculado ao que nos dá prazer ou segurança.

R-MM06.04b. Ainda infantes, já conscientes de nossa mãe ou de quem nos cuida, também amamos aqueles que nos valorizam, que nos consideram importantes. Seria natural em todos nós a carência por valor? Além de fonte de prazer, cuidados e proteção, teríamos esta falta, a de receber valor? Ou seria algo cultural? É biológico ou cultural usarmos a frase eu te amo aos que nos dedicam seus valores?

O terceiro conceito de amor e amar enquanto aplicação de vida e ainda associado ao tempo infantil é a curiosidade, a aplicação em conhecer coisas. Praticamente tudo que não elicia medo nem pode ser ameaçador produz na criança curiosidade.

Dotada de uma grande, natural e infantil curiosidade, a criança divide seu tempo e sua atenção (seu amor) entre a exploração e busca de atenção (e amor) dos presentes, principalmente sua cuidadora (mãe psi, que costuma ser a mãe biológica).

R-MM06.04c. A curiosidade infantil, ampla e irrestrita, devemos considerá-la inteligência natural ou amor infantil, já que utilizamos o conceito de amor vinculado às coisas que aplicamos em nossa vida (nossa atenção, nossos cuidados, nossos pensamentos e nosso tempo de vida)?

No adolescente já encontramos o desenvolvimento do amor-próprio. Nesta fase nos concentramos em nós mesmos: o que queremos, o que pretendemos ser, nossa imagem, nossas escolhas, nosso espaço, nossas experiências e maturação, enfim, a formação de nós mesmos. Amor-próprio seria o amor da fase.

Considerando o sentido literal da palavra jovem: aquele que se ejeta. Seria a fase em que não basta saber quem eu sou, o que quero e quais devem ser os meus potenciais e objetivos. É hora de aplicar valores (tempo e amores) na conquista de espaço, de companhia, de emprego ou ocupações, na realização de projetos, valendo até autossacrifícios. Nesta experiência o tempo de vida (valores e amores) são desviados a objetivos, a conquistas, a independência, a formação de patrimônio, enfim, a realizar aquelas idealizações da adolescência. Aqui se destacam os valem sacrifícios. O amor está no mecanismo para realizar sonhos e objetivos.        

O jovem se torna adulto, seus amores, investimentos e realizações são escalonadas, regularmente trocam: um amor, uma casa, uma fonte de renda, filhos, nova formação, nova casa, ideologia ou religião, pets, causas a defender, quiçá novas relações e outros filhos. Natural que circule entre várias emoções entre sonhos, projetos, sacrifícios e realizações, por isto o carrossel de amores: o amor-prazer, o amor-carência (ou amor-valor), o amor-próprio, o amor investimento de si (autossacrifícios), o amor de mãe (doação) e ainda outros, como o amor pela terceira entidade, o de gratidão pelos que o ajudaram e familiares próximos.

O amor pela terceira entidade vale muitas reflexões, em especial ao local que lhe é reservado na cultura globalizada e nas culturas tradicionais. Voltaremos a ele em outros momentos.

Há ainda outros tipos modelos para o objeto em que aplicamos nosso amor-vida, mas os deixemos a outra ocasião.

Reflexões compatíveis

R-AA04.17b. Reflexão. Todas as culturas antigas tinham tendência em estimular seus membros a alcançar o amor à terceira entidade, destaque-mor nos mais diversos batismos culturais, iniciáticos e religiosos (deixar de ser um ego, para ser parte do grupo, aplicado neste o seu amor). A globalização, que define nossa Cultura atual politicamente correta, prioriza os amores infantis. Independente de qual seja o seu preferido, quais interesses dos donos do poder em ambos os casos?

R-AA04.17c. Reflexão. Ainda com as considerações e condições da reflexão anterior, quais os efeitos nos indivíduos da maturação ou infantilização do conceito de amor se considerarmos os seus objetivos, a aplicação de seu amor (nesses objetivos) e a possibilidade de alcance da felicidade?

 

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