PR05.22

Mereço tudo o que eu quiser


Reflexão. Meritosidade e criminalidade. Uma possível relação.

Pense em pessoas egoístas em posição de se beneficiarem em detrimento de outrem. Como políticos corruptos que se consideram merecedores de regalias. Calcule os motivos que levam um ladrão a praticar seu crime, uma autoridade a exercer abuso, um patrão a praticar exploração ou trabalho escravo. Pois maus políticos têm certeza de merecerem os frutos da sua corrupção assim como outros criminosos, os frutos de seus crimes. É pela certeza do mérito que pessoas egoístas preterem outras e crimes são cometidos. Esta certeza faz pessoas se sentirem melhores e superiores a outras.

Reflexão 01. Mereço tudo o que quiser. Isto é bom? Isto é necessário para recebermos nossos direitos?

Ora, as crenças em merecer tudo de bom ou tudo o que se quiser podem e costumam esconder egoísmo, corrupção, abuso de poder e outros desvios e até psicopatia. Pessoas em cargo de poder a usam para seu próprio bem. Autoridades abusivas, maus policiais, estupradores, pedófilos, exploradores e opressores de forma geral acreditam e defendem piamente que merecem tudo de bom e ainda tudo o que quiserem. Como os senhores de escravos e porcos chovinistas. Quanto mais uma população defende essa máxima e as prolifera entre os seus, mais podemos esperar egoísmo, egocentrismo, corrupção e até criminalidade no seu seio.

Toda e qualquer pessoa egoísta, com algum poder e que acredite numa dessas máximas pode e provavelmente usará do cargo, da situação ou de arma para conseguir vantagens: ora, ela merece, por que não pegaria aquilo que lhe é devido? Em muitos casos, que seja ao preço da vida de algum desconhecido. As pessoas que lhe convenceram de seus méritos são cúmplices disto.

Reflexão. Há relação entre a crença em merecer o produto do crime e o crime em si? O projeto, a definição de estratégias, o aproveitamento de oportunidades e a ação em si são influenciados ou organizados a partir da crença no mérito? Ou o crime ocorreria mesmo sem tal crença?

Reflexão 03. A quem interessa que a felicidade e tudo de bom sejam tratados como coisas meritosas?

Quanto mais essas crenças são defendidas pela população em geral, mais podemos esperar não só uma população mais egoísta e abusiva, mas também agressiva, pobre e emburrecida. Coisas que facilitam o controle social, a concentração de poder nas mãos de poucos e o aumento da força policial.

 

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