AA04.06

Para ser feliz é preciso se amar


Mais uma falácia para facilitar a divisão social e o egoísmo. Não é bem assim.  

R-AA04.06a. Por que sou feliz? O que me faz feliz?

l    Porque me sinto amado, protegido e tenho algumas fontes regulares de prazer.

l    Por ver o sucesso do meu filho ou de outra pessoa que eu ame.

l    Posso ser feliz porque realizei alguns projetos relevantes, certamente com muito suor.

l    Por ver o bem prosperar e o mal sucumbir.

l    Porque pessoas que considero importantes me valorizam.

l    Posso ser feliz porque gosto do que faço.

l    Posso ser feliz porque realizei meu projeto de vida.

l    E por vários outros motivos.

Por vezes é necessário se sacrificar para alcançar objetivos e projetos, é preciso priorizar, cuidar de ou amar outra pessoa, projeto ou entidade para atingir seus intentos, é obrigatório não dispersar muito tempo e valores em si mesmo para realizar seus sonhos que, possivelmente, lhe trarão a tal satisfação e felicidade. 

Logo, o amor-próprio tem hora, fase da vida e motivos, não é necessário fora disto.

AA04.06b. Quais os interesses do Estado nessa narrativa?

AA04.06c. Recupere o conceito de Terceira Entidade e o de felicidade (texto completo e com links em http://www.ibted.org.br/html/textos8/pnamor06.html).

As pessoas que se amam e muito se valorizam, só por isto, são felizes? Assim conseguem evitar os revezes da vida e outros fenômenos que prejudique a tal felicidade?

Por que nos enganamos com a máxima para ser feliz é preciso se amar?

1) Porque nos agrada, nos agrega valores.

2) É uma falácia da falsa dicotomia. Pensamos que ou aplicamos o amor em nós mesmos, ou nos outros – e isto é falso: o amor não é limitado. Ao ser aplicado nos outros, não faltaria nem seria insuficiente a nós mesmos.

3) Não estudamos nem nos ensinam os diversos conceitos de amor e felicidade, agimos em acordo com as crenças e saberes interiorizados (narrativas!), que são em acordo com os interesses do Sistema;

4) Reconhecemos a importância do amor na nossa vida, mas concluímos erroneamente que devemos aplicá-lo em nós mesmos - como a máxima induz e é do interesse do Sistema. Se não aplicamos nosso amor em outros objetivos e sendas, mais difícil a tal felicidade.

5) Amor se distribui, não fica aplicado apenas em um polo. Não são apenas dois polos como a crença nos faz pensar: nós ou os outros para aplicar o nosso amor. Podemos distribuir entre nós, com a terceira entidade, com outras pessoas, com projetos de vida e haja sonhos e objetos para amar, facilitar a felicidade ou nos afastar dela. Quem defende a expressão no topo deixa de perceber isto e aplicará menos amor em todas estas possibilidades. 

AA04.06d. Por que a expressão para ser feliz é preciso se amar é uma narrativa?

Há vários locais para aplicar o nosso amor: no próprio prazer, na própria imagem, no trabalho, nas conquistas, na casa, na família, na formação, na sociedade, na religião, no país, nas crenças e ideologias. Se o aplicamos apenas em nós mesmos, nossa capacidade de realizações certamente ficará reduzida.

Nosso amor pode ser dividido em tudo isto, mas precisamos concentrar boa parte naquilo que pretendemos alcançar. Se o aplicamos na família ou no trabalho, por exemplo, e esta família ou trabalho prospera, certamente nos transbordaremos de felicidade. Não apenas por nós mesmos, mas pelos outros envolvidos, já que os amamos. Neste caso, mais uma vez, comprova-se que a expressão em epígrafe é uma falácia. Mas como o isolamento e a polarização são do interesse do Sistema, a máxima tem espaços garantidos nas mídias, na Cultura, na Educação e até nas religiões.  

AA04.06e. Amar-se é necessário

Não negamos a máxima no título deste texto, sabemos que, regularmente, precisamos nos valorizar para tomar as melhores medidas. Apenas acusamos que o caráter necessário que a acompanha a torna uma narrativa, um pensamento Nebuloso com o interesse de manipular comportamentos e facilitar o controle social pelo estímulo à polarização, ao egoísmo e ao afastamento do conceito de terceira entidade.

O egoísmo deve ser limitado

Pessoas egoístas não desejam apenas objetos e bens para si, acumulam também o próprio amor. Não estou dizendo que todos que desenvolvem o amor-próprio são egoístas, sei que todos nós precisamos de uma parcela desse amor, mas não precisamos ficar falando disto, ficar justificando o egoísmo, sempre confirmando essa necessidade e prioridade, como é do interesse do colonizador.

AA04.06f. Amor-próprio e cultura

Em tempos idos o amor-próprio era sinal de egoísmo. Na atualidade, é uma virtude. Não é e nunca foi pelo seu bem-estar, tampouco pelo meu. Culturas tradicionais precisavam do nosso tempo, do nosso interesse, do nosso comportamento e do nosso amor para sobreviverem. Sem o empoderamento (produtividade, defesa, reprodução etc.) de cada um de seus membros, a sociedade sucumbiria. Nos dias de hoje, pelo contrário, é necessário despotencializar a população como comunidade para submetê-la a interesses além-mares. Portanto, penso que faz o papel de inocente útil todo aquele que defende a máxima, assim como todo aquele prioriza a Terceira Entidade. Mais uma vez: o bom-senso abre caminhos.

 

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