O de cima sobe, e o de baixo, desce


Inocentes úteis acreditam que os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, mais pobres.

Há algo no centro das atenções políticas e econômicas: os valores. Todo inocente útil fala muito as palavras riqueza, pobreza, ricos e pobres. Fala muito também em direita e esquerda, sempre depreciando um e enaltecendo o outro. Mas dificilmente tem noção das vicissitudes da sua fala. Por isto insisto nos conceitos e reflexões.

Pessoas que repercutem estas frases:

·                   O de cima sobe, o de baixo desce.

·                   Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, mais pobres.

Sem dúvidas, engrossam as fileiras dos arautos do Sistema, reproduzem o que este quer.

Não é bem assim

De fato, há décadas, um grupo cada vez menor vem concentrando valores e poder, mas nem os pobres estão mais pobres, nem os ricos, mais ricos. A asserção é falsa (falácia do tipo repetição nauseante), tira o foco e nos desvia dos assuntos mais importantes.

Bastam algumas pesquisas para confirmar. Pesquise:

l  Evolução da pobreza no mundo.

l  Evolução da extrema pobreza no mundo.

l  Evolução da riqueza no mundo.

l  Evolução da riqueza das classes A e B.

Se você efetuou as pesquisas, você deve ter percebido que o percentual das populações extremamente pobres (com rendas de até US$1,00 e US$2,00 ao dia) vêm diminuindo em todo o mundo, exceto na África, que praticamente se manteve. Em 20 anos temos metade do percentual de pessoas na extrema pobreza. Portanto estes se tornaram menos pobres.

Se você conferiu as rendas dos mais ricos, percebeu que os extremamente ricos estão cada vez mais ricos, mas não a classe dos ricos.

Se foi atencioso percebeu também que o número de superricos oscila, eventualmente diminui, e não acompanha o aumento populacional. Isto quer dizer que ocorre concentração de renda nas mãos de uma minoria cada vez menor em número. E os ricos estão ficando em menor número e menos ricos.

A Forbes, que lista bilionários, reduziu o número deles de 2018 para 2019 e ainda em 2020, mas aumentou ao início de 2021:

“O número de bilionários na 35ª lista da Forbes dos mais ricos do mundo, publicada anualmente, explodiu para um número sem precedentes de 2.755 pessoas, 660 a mais do que em 2020. Ao todo, as fortunas consolidadas chegam a US$ 13,1 trilhões, valor bem acima dos US$ 8 trilhões da lista de 2020. 

Reflexão. A pandemia fez aumentar o número de bilionários e os valores acumulados por estes. Estes são, de fato, muito ricos, por isto utilizo o título suprarricos. Mas a grande maioria dos ricos da sua cidade e do seu país, por exemplo, diminuiu em número e em capital acumulado.

Confira: https://valor.globo.com/brasil/coluna/estudos-apontam-que-ate-900-mil-pessoas-deixaram-classes-a-e-b.ghtml.

De fato, nem todos os ricos estão ficando mais ricos, pelo contrário. Só alguns, justamente os de maior patrimônio.

Dificuldade com a questão

Ora, com os dados levantados, não podemos responder positivamente à questão se os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, mais pobres simplesmente porque os ricos não são um grupo, mas vários.

Vamos considerar tipos de rico para obtermos respostas que não seja inocentes.

Considerando os três tipos de rico em destaque no texto conceito de rico, podemos então responder à questão se ricos estão cada vez mais ricos.

Os ricos listados na Forbes, sim, estão mais ricos, os que chamamos de suprarricos.

Os ricos das classes A e B de nosso país, não. Nem a maioria dos ricos em outros países. Os que nomeamos de rico da região estão cada vez em menor número.

Ricos e riquezas no mundo

Podemos afirmar que os ricos multinacionais estão cada vez mais ricos. E que os ricos nacionais, aqueles que podem ser taxados pelo governo, estão diminuindo em número e valores. E que alguns ricaços nacionais cresceram tanto que se tornaram ricos multinacionais.

Ou seja, aparentemente tem um grupo multinacional enriquecendo enquanto o resto da população empobrece, inclusive a grande maioria dos ricos.

Alerta

Se o interesse for em melhorar a distribuição de renda do país, não será diminuindo o número de ricos do bairro. Pelo contrário. Diminuir os ricos e aumentar o número de pobres só hegemoniza a pobreza, facilitando ditaduras.

 

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