IB03.52

Influência escolar nas inteligências  


Escola e inteligência

Um tema ao qual eu regularmente volto é a influência escolar nas inteligências. Principalmente sobre a importância dos conteúdos escolares nesta fase para o desenvolvimento delas: crianças de cinco a dez ou doze anos de idade.

Sou sexagenário e meus pais e avós tinham um princípio sobre a inteligência: é indo para a escola que se fica inteligente.

Hoje em dia, a inteligência não parece ser um objetivo educacional. Pelo menos não há este nome nas vinte metas do Plano Nacional da Educação, tampouco encontro algum dos diversos tipos de inteligência entre os objetivos nos programas educacionais que se me apresentam. No máximo, aptidões. E é complicado falar de aptidões em crianças.

Como a Escola pode ajudar as crianças?

Estamos falando de crianças que saíram da alfabetização, com idade de seis a dez ou doze anos. O que a Escola pode fazer por elas? Já sabemos: disponibilizar condições para que suas aptidões floresçam. Ninguém percebe que é complicado relacionar conteúdo com o desenvolvimento de aptidões específicas ou atividades profissionais nesse público? É insólito afirmar que este seria o objetivo escolar infantil: deixar as aptidões florescerem. Não é fase de selecionar ou relacionar aptidões, mas de criar condições para que floresçam!

A criança vai precisar verbalizar intenções, preparar currículos, se comunicar com diferentes pessoas em inúmeros cargos, compreender falas e textos, se expressar, capturar interesses. Sempre foram estes os objetivos de ensinarem o Português no primário.

O futuro adulto também se articulará melhor na vida se dominar lógica e racionalidade. Reconhecerá falácias, por exemplo, algo muito raro hoje em dia. Matemática não ensina apenas o teorema de Pitágoras, fórmulas inúteis que jamais serão usadas e as operações básicas. Dominar matemática ajuda a ter um raciocínio claro e objetivo, capacidade de análise, de compreensão, de solução de questões tanto matemáticas quanto da vida. Desenvolve a percepção, por exemplo. Algo muito, muito útil no futuro.

Ao conhecermos a história de uma pessoa ou povo mais facilmente os respeitamos, nos comunicamos, os compreendemos e propomos atividades justas. História não deveria ser manipulada para mostrar dominadores e explorados, patrões e empregados, brancos escravagistas e negros escravizados ou outras polarizações, como se certos povos fossem maus e mal-intencionados, e outros bons e oprimidos. Sabemos do interesse em politizar e polarizar a sociedade para controlá-la e explorá-la. Este conteúdo poderia, por exemplo, ajudar a compreender como nossos antepassados, sem nenhuma garantia ou direito, conseguiram fazer nossa família sobreviver até os dias de hoje. E que o Estado assistencialista, como conhecemos, tem poucas décadas em desenvolvimento.  

Geografia não é só acidentes geográficos e dados por região. Este conteúdo nos conecta com os interesses atuais e potenciais não apenas de nosso povo, como os de outros. Ajuda a reconhecer a Economia e o Turismo, facilita intercâmbios e identificação de valores e valorizações. Pode, por exemplo, comentar sobre os verdadeiros interesses que outros países e suas ONGs têm na Amazônia.

Ciências Naturais, Educação Física, Artes, Língua Estrangeira completavam o conteúdo antigo. E, repito, não visavam apenas algum conhecimento, mas a desenvoltura e a inteligência do próprio aluno.

Por que estes conteúdos passaram a ser desprezados na Escola Nova, se não para facilitar o controle social?

 

Inteligências versus profissionalização.

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