IB03.214 |
|
Emburrecidos sentem raiva, não
pena, dos errados |
|
A pessoa emburrecida sente raiva de pessoas que se enganaram ou que,
acreditam, estão erradas ou são más. Alguém teria dito: se você tem certeza de uma informação, você não
sente raiva se alguém a contradiz, mas pena. Se alguém disser que vinte e um com seis somam vinte e nove, que o
Canadá faz fronteira com o Brasil, que Cristóvão Colombo passou pelo Uruguai
antes de aportar nas Américas ou que a Terra é plana, você não se irritará.
Provavelmente vai sentir pena e deve ter tendência em corrigir. Nós
normalmente não sentimos raiva quando alguém erra o português ou quando uma
criança chama a lua de bola. Raiva você sente: ·
Quando
alguém te contradiz, especialmente se você não tem argumentos para se
defender. ·
Quando
você está numa disputa de saberes e faz questão de estar certo. ·
Quando
alguém prejudica um de seus valores ou amores (como comentado no texto sobre a raiva). ·
De
coisas e pessoas que prejudicam o Bem, o Certo (no seu entender), a si ou a
sua comunidade (no mesmo texto). Como da Burrice e das pessoas emburrecidas. ·
De
pessoas e grupos que você aprendeu a odiar. Ou seja. Se você sente raiva quando alguém erra, não é do erro em si,
mas pelo fato de um de seus valores ou amores ter sido ou estar na iminência
de ser agredido ou porque você aprendeu a odiar aquela pessoa ou as pessoas
daquele grupo (polarizou). Se fosse uma criança ou uma pessoa amada a cometer o mesmo erro,
provavelmente você não ficaria tão alterado. Vamos aos exemplos (nos grupos de estudo). Entenda a raiva que
temos da burrice e dos burros A raiva, assim como o amor, sempre foram ferramentas de controle
social. A cultura de cada povo sempre marcou objetos, grupos e comportamentos
que devem ser amados e outros que devem ser odiados. A Cultura atual, tão
eficaz e eficiente, interiorizou o ódio. Se antes tínhamos raiva de outros
povos, hoje em dia ela está localizada dentro do nosso, como convém ao
sistema. Nossa sabedoria pessoal já associa o bem, o certo, a verdade, a razão,
a intuição, o discernimento e demais virtudes a nós mesmos. Todas as culturas
e religiões antigas, os partidos políticos e algumas religiões atuais criam
narrativas que nos fazem associar o Bem, o Certo, a Verdade, a Razão e até as
Ciências ao nosso grupo, deixando ao outro toda a sorte de maldades, enganos
e desvirtudes. Se há um grupo que você odeia, tenha certeza, você defende uma
narrativa inocente. Reflexão Em todos os partidos políticos e em todas as religiões encontraremos
pessoas buscando o bem e o certo, empenhadas em amar, perdoar ou dedicar suas
vidas à família ou a alguma boa causa. E assim farão, conforme suas crenças.
Nos mesmos grupos também encontraremos pessoas egoístas, emburrecidas,
canalhas e até criminosas. Se estiverem no nosso grupo, relevamos. Se as
identificamos no outro, generalizamos as desvirtudes a todos do grupo
adversário, logo, todas eliciam nosso ódio e raiva. Tenha certeza: nem a compreensão, nem mesmo a tolerância com os grupos
supostamente adversários são do interesse dos líderes. Também temos certeza
de que não podemos tolerar o Mal, o Egoísmo, a Criminalidade, a Corrupção e
outras desvirtudes. Polarizando, dividem a população e mantém o poder
colonizador: povo unido não deixaria ocorrer tantas explorações no seu
território. Entenda o problema: não dividimos os membros de uma sociedade em legais
e criminosos, bons e maus, empáticos e egoístas, éticos e corruptos.
Dividimos conforme o partido político, a religião, o time de futebol, o sexo,
a alimentação vegana ou outro padrão e associamos, a um dos grupos (o nosso),
as coisas boas, e, ao outro, as desvirtudes, enganos e maldades. Reflexão. Se você tem certeza de uma informação,
comportamento ou crença e alguém a contradiz, você não sente raiva dessa
pessoa, mas pena. Podemos combater inimigos e encarcerar criminosos, mas não
precisamos sentir raiva, basta-nos a Ética, a Justiça, o Bom-senso ou algum
justo pensamento. Mesmo para combater a pedofilia, o canibalismo, o racismo,
o latrocínio, o estrupo, a corrupção e outros crimes hediondos, se você
compreender o caso, o ódio não é necessário para que você tome as atitudes
corretas. Se você for o juiz ou o algoz em algum caso assim, seu ódio ou
raiva não vai ajudar você a ser justo e aplicar a devida pena, basta ser
justo e equilibrado. Reflexão. Uma pessoa emburrecida considera tudo que contesta seus saberes como crimes ou erros éticos e morais, logo, sente raiva da pessoa que defende o pensamento contestador, nunca pena. Por não conseguir discernir os justos dos criminosos, justifica sua falta de respeito com todas as pessoas dissidentes. Como interessa ao colonizador. |
|
|
|
|