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O emburrecido se precipita no
senso crítico |
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Leitura anterior: sinais ou condições de antenalidade. No texto lincado acima, comentei que o foco num embate deve ser o tema,
não as pessoas envolvidas. E que constitui desvio de foco quando uma das
partes se precipita e arroga o direito de avaliar e julgar a outra parte ou o
próprio tema, pensando que isto é o senso crítico, mas não passa de sinal de
burrice. Senso crítico é atividade intelectual após a compreensão do tema do
diálogo ou embate. A avaliação do
conceito de senso crítico deixa isto claro.
De acordo com o dicionário Aurélio e textos da internet, senso crítico
é a “capacidade de analisar, refletir ou buscar informações antes de
tirar uma conclusão. É a tendência de quem não aceita automaticamente o que
lhe é dito ou imposto”. Para tanto, é necessário que a pessoa
compreenda a mensagem e seus argumentos, para então aplicar o senso. Mas não
é o que vemos. Na prática, pessoas emburrecidas, perante qualquer informação
que não lhe seja agradável, afirmam: seu saber é constituído a partir de sua
Cultura, logo, está contaminado e deve ser desprezado. Ignorando totalmente
que o seu próprio saber, como todos os outros, está localizado em alguma
Cultura. Antes de compreender o argumento, o uso do senso crítico é sinal de
burrice por definição de senso crítico e burrice. Ao alegar: seu saber é constituído a partir de certa Cultura, e,
a partir disto, ignorar o assunto, não é só sinal de emburrecimento, mas de
falta de senso crítico. Os diálogos, conversas, embates e cursos possuem um tema a ser
desenvolvido. E certamente cada parte deve ter noção de seu contexto,
utilidade e função. Portanto, o senso crítico é ferramenta aplicável,
recomendável e útil. Mas existe um momento certo e um campo restrito para
aplicá-lo. Uma pessoa emburrecida se precipita e amplia a aplicação. Momento de aplicação
do senso crítico O senso crítico só é bem-vindo após o amadurecimento do tema. Todo
diálogo tem, além dos participantes, um tema, um assunto a ser desenvolvido.
Informar algo, ensinar técnicas, participar vivências, dirimir dúvidas e
dissipar atritos podem ser o tema. Vamos utilizar os casos em que duas
pessoas têm ideias e posturas diferentes em relação a um mesmo tema, não
concordam sobre algo, e partem para um embate. O que esperamos é, primeiro, o diálogo, a colocação de ideias e
argumentos, ambos nivelados e considerados pela contraparte. Assim ambos
podem compreender o outro, rever seus argumentos e colaborar com a correção
dos saberes. Concluída a conversa ou embate, agora já com mais conhecimento,
é o momento de aplicar o senso crítico: localizar culturalmente, avaliar
utilidades e identificar interesses de modo a decidir se deve aceitar,
discordar, defender ou absorver o tema. Tudo isto sem precisar arrogar a si o
direito de avaliar, julgar, ofender ou depreciar a contraparte. Erros de aplicação
do senso crítico Isto posto, 1) É sinal de burrice quando uma das partes, em vez de se submeter ao
diálogo e compreender o tema e os argumentos da contraparte, arroga
precipitadamente a si o direito de avaliar a outra parte e o tema.
Especialmente quando a conclusão é: tanto o orador quanto o tema estão
inseridos num contexto cultural! Ora, todo diálogo está, todo saber está, todo pensamento está, toda verdade está, as crenças
e as opiniões de quem falou isso também estão! Se alguém consegue pensar uma
frase, esta frase está em alguma língua ou dialeto e, consequentemente, está
inscrita em alguma cultura. Isto não é uma acusação, mas uma constatação. E
não deveria ser utilizada para suprimir o embate saudável. Todos os
participantes e seus temas estão inseridos culturalmente, bom quem tem este
conhecimento, tolo quem acusa a contraparte sem reconhecer o seu próprio
discurso como cultural. Aprender e se desenvolver também estão inseridos
culturalmente. 2) Também é sinal de burrice quando uma das partes resolve aplicar
críticas precipitadamente, antes de avaliar argumentos, como se isto fosse
senso crítico. Em nome de tirar dúvidas, contestações são colocadas antes de
o orador terminar sua preleção. Resumindo. Erro crasso com o senso crítico é quando o pseudo-inteligente identifica que todos os saberes do
outro estão sob influência cultural, mas não percebe que sempre é assim,
inclusive com os seus próprios saberes. E que o desenvolvimento do tema pode
e deve ocorrer mesmo assim, pois é assim que se atualizam os saberes. Sobre ser avaliado Ninguém
gosta de ser avaliado, não costumamos permitir este direito a ninguém. Mas
regularmente nos atribuímos o direito natural de
avaliar, criticar, interpretar, julgar e condenar outras pessoas, crenças,
culturas e ideologias, pouco nos importando com seus argumentos. Atitude
grotesca, mal-educada, tola e inocente útil, pois assim atende aos interesses
de controle social. E
ainda chamam isto de senso crítico! Como associamos este senso à
inteligência, estas pessoas se consideram muito, muito inteligentes com a
arrogância. O que certamente é do interesse do Sistema, pois fortalece a
polarização. Apenas inocentes. O
que nos falta? O que nos induz a nos arrogar o direito de avaliar as outras
pessoas? Há várias possibilidades, algumas desenvolvidas a partir do texto Requisitos para a antenalidade. Mas, o mais importante, é saber que o Sistema tem largo
interesse nisto. Senso crítico é sinal
de inteligência? Em: http://www.ibted.org.br/html/textos8/pnsensocritico.html. Voltar em índice de Burrice, inocência ou
imaturidade? |
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