AI00.07

Nova relação com as inteligências


As inteligências deixaram de ser tão desejáveis e buscadas, outros dons lhes foram equiparados e até mais valorizados. Hoje em dia, quando comento o assunto desenvolvimento das inteligências, mais parece uma acusação de burrice aos ouvintes que, de fato, uma proposta de autodesenvolvimento. Mesmo no ambiente escolar, parece que esse tema não passa de um esforço irresponsável em identificar e aumentar as desigualdades entre os alunos, é tratado com muitos poréns. Comentar esse assunto atrai, no mínimo, correções: os antigos achavam que o raciocínio lógico era inteligência, hoje sabemos que há vários tipos; impor aprendizado é oprimir as verdadeiras aptidões de uma pessoa; a inteligência vem de dentro, qualquer esforço em priorizá-la é autoritarismo e desrespeito às individualidades e outras adversativas. E o interesse efetivo no desenvolvimento das inteligências não se pronuncia facilmente, só em raros ambientes e em pouquíssimas pessoas.

Contexto cultural

Os saberes e comportamentos em relação às inteligências não foram os únicos que mudaram. As mudanças culturais trouxeram um povo mais técnico, mais conectado, mais polarizado, mais crítico, com maior autoestima e altamente enganado, deprimido, arrogante, meritoso, inocente útil, muito bem autoavaliado e incapaz de se reconhecer o ator que é nos processos de empobrecimento, emburrecimento e adoecimento psicológico que percebe à sua volta e pensa não estar envolvido. 

Não observamos apenas a ofuscação da inteligência com glamorização da burrice, há outros sintomas em destaque como o empobrecimento geral, o adoecimento psicológico e outros sinais. Acredito que não podemos mais estudar um deles (no caso, as inteligências) ignorando os demais.

Novas questões para as inteligências

Compreender como se formam nossos saberes, o papel das mídias nisto e como influenciam nossas emoções, nossos comportamentos e, principalmente nossa maturação.

Exemplo 01.

Cada um de nós tem certeza de que faz as coisas corretas e com uma boa intenção. Em todas as outras pessoas, percebemos falhas, enganos e até má intenção, mas não em nós mesmos.

Cada uma das outras pessoas têm também certeza que faz as coisas corretas e com boa intenção. Todas elas não percebem em si, apenas nas outras pessoas. Como nós.

Ora, não percebemos falhas em nós mesmos. Então devemos utilizar nossas inteligências para as encontrar nos outros e especularmos se não seria também o nosso caso. E como a Educação, a Cultura e as mídias participam desses processos Nebulosos. 

Exemplo 2.

Todos nós investimos amor e vida nas coisas que nos cercam e nas nossas relações. Não faltam experiências frustradas a cada um de nós. E temos tendência a identificar na outra parte os erros e falhas, mas não em nós mesmos.

Ora, o conhecimento de nossa sabedoria pessoal se faz mister! 

 

Culturas tradicionais versus globalização.