AI00.09

Devemos combater ou defender as culturas tradicionais? E a globalização?


Natureza e sabedoria humana

Há, na natureza humana, uma certa tendência em polarizar. Quando algo é definido, conclui-se que tudo o mais pode ser dividido em dois mundos: um que o corrobora e é da mesma natureza, e outro que o contesta, de natureza antagônica. Como se só houvesse duas opções a tudo no mundo (o estudo da falácia da falsa dicotomia ajudará a dissipar este tipo de engano: antecipe-se).

No nosso caso, acusamos as práticas politicamente corretas da globalização de visarem prioritariamente o controle social e a concentração de renda e poder. E, precipitadamente, alguns concluem que defendemos as culturas tradicionais. Ledo engano. As práticas tradicionais transbordam de usos execráveis, com as quais não podemos compactuar.

Mas, como interessa ao Sistema, polarizamos: defendemos um lado que sabemos bom, e classificamos todos os outros inimigos, defensores do outro lado e, claro, maus. Todos nós só percebemos más intenções, desvio de caráter, crimes e desvirtudes do outro lado, não do nosso, naturalmente. Como interessa ao Sistema.

Caráter irreversível das mudanças

Lastimo que alguns de nós sejamos saudosistas ou tradicionalistas. Jamais voltaremos a viver como os nossos antepassados, jamais dividiremos as mesmas estruturas culturais como foi por milênios: os descendentes repetindo hábitos e pensamentos de seus progenitores, hoje em dia já devidamente criminalizados e descartados. A construção de uma sociedade com novos padrões não é só uma necessidade, mas algo natural, em andamento e irreversível.

Não defendemos nem as tradições nem a globalização!

Nesta obra defendemos que temos opções quanto ao nosso posicionamento, não precisamos defender um lado para demonstrar que o outro tem usos escusos. Pelo contrário.

As culturas mais antigas se utilizavam da guerra, da escravidão, do machismo, de genocídios, da misoginia e tantas outras práticas politicamente incorretas para se perpetuarem, práticas hoje já devidamente criminalizadas. Até canibalismo já foi hábito cultural.

A cultura atual também tem suas péssimas características. Iniciando pela concentração de renda e poder e a instalação de ditaduras com o argumento de defenderem igualdade social e democracia.

Penso que não podemos negar que há um grupo de pessoas e famílias cada vez mais rico e poderoso: estão todas listadas na Forbes. Também é público e notório que influenciam governos e adquirem as riquezas de outros países. Geralmente não invadem e aniquilam os povos com armas, como os povos antigos, mas os influenciam usando o Google, o Facebook, demais mídias sociais, assistência de órgãos da ONU, filmes, séries populares, os programas midiáticos de seus próprios países e até linhas da religião local. Impõem, inconscientemente para a maioria, crenças, pensamentos e comportamentos. Narrativas, com foco nos conceitos: trocando estes, mudam a forma de pensar da população. E não percebemos nossa inocente participação, só a dos outros.

Não nos atentaremos em mostrar as falhas criminosas das culturas antigas para não perdermos nosso foco e porque elas já são do conhecimento geral. Repito, para que fique claro: não é porque apontamos interesses nebulosos nas crenças e hábitos atuais que defendemos a volta de abusos e crimes das culturas tradicionais. Acreditamos que não temos apenas duas opções: cultura tradicional machista, misógina, capitalista, escravagista, genocida ou a globalização pseudossocialista, pseudodemocrática, emburrecendo, corrompendo, adoecendo e polarizando a sociedade. Temos certeza de que há opções.

Nossos objetivos

Então se torna nosso objetivo mostrar o principal recurso utilizado pela globalização no controle social: os pensamentos (narrativas) populares, por nós ingenuamente defendidos e formadores de nossa maturidade e de nossa sabedoria pessoal, temas primordiais nos nossos estudos.

 

Sobre o contexto e a influência pessoal.

Recolonização do mundo.