Teste para os Meridianos |
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Há anos vejo o esforço em comprovarem a
existência dos meridianos. Ora, já fiz um destes testes há mais de vinte. E o
refiz dúzias de vezes. Ainda no início dos anos 90, fui desafiado a
provar que os meridianos existem. Então bolei o seguinte projeto. Já praticante e instrutor de shiatsu, sabia
da importância de seguir o sentido dos meridianos para o sucesso da terapia.
Seus defensores sabíamos que a prática no sentido contrário ao da circulação
energética certamente traria prejuízos para o cliente. Afinal, a teoria diz
que o shiatsu desbloqueia a energia presa em algum ponto do meridiano e, por
isto, promove o alívio dos sintomas ou a cura. Praticar o shiatsu com a troca do sentido dos
meridianos seria um teste perfeito para comprovar a existência dos
meridianos: com o sentido incorreto, os resultados seriam negativos ou, no
mínimo, nulos. Naquela época eu ainda não tinha refletido
sobre os limites éticos do terapeuta, então me aproveitei de uma situação e
fiz o primeiro teste. Já atendia voluntariamente idosos. Mas as
idosas costumam atrapalhar o serviço: pediam o atendimento para alguns de
seus familiares ou amigos jovens demais para participarem do projeto. Então
resolvi utilizar uma delas, bem jovem, para provar que não poderia errar o
sentido dos meridianos: iniciei a seção de shiatsu fazendo-os no sentido
errado, já no cuidado em corrigi-lo assim que a cliente fizesse algum
comentário negativo. Mas estes comentários não vieram, só agradecimentos e
elogios a cada vez que eu parava a seção e pedia uma avaliação, aguardando
uma queixa. Efetuei todos os meridianos no sentido errado e a cliente se foi
satisfeita, me deixando surpreso. Coincidência, pensei. Mas estava decidido a
repetir o teste. Em alguns meses eu já praticava, atônito, o shiatsu em
sentido errado em todos os clientes: subia onde era para descer e descia onde
era para subir. Sempre com bons resultados! Então resolvi sair também do
alinhamento: em vez de longitudinal, passei a fazer um shiatsu transversal
aos meridianos. Ótimos resultados em todos os casos, para meu espanto. Mais algum tempo e cada vez mais confuso,
quase que surtado, troquei o toque shigue-gakun, do
shiatsu, por outro que mais tarde viria a saber que estimula a terceira
circulação de linfa (a que nutre ossos e cartilagens). E aí a minha eficácia
em quadros álgicos como fibromialgias, tendinites e artroses aumentou
espantosamente. Tanto que tive de optar entre continuar com a Engenharia ou
me dedicar às Alternativas. Não me sentia bem com a situação, sabia que
algo estava errado. Sentia-me incomodado em ministrar cursos de acupuntura,
DO-IN e shiatsu enquanto desconfia de suas teorias, mesmo sempre confirmando,
na prática, ótimos resultados. Concluí que algum mecanismo psíquico ou
psicológico estaria por trás das reações de cura: ou eu teria o poder de cura
ou o próprio cliente o teria e eu, o poder de estimulá-lo. Assim voltei de
novo à UFF - Universidade Federal Fluminense, desta vez no curso de
Psicologia. Lá escolhi cadeiras optativas em
Neurofisiologia, onde descobri a Fisiologia e outras ciências fascinantes.
Graduei em 99 e desde esta época pesquiso e divulgo os mecanismos envolvidos
nas alternativas. Paulatinamente todas as explicações em que eu utilizava
teorias energéticas, foram substituídas por explicações em acordo com a
Fisiologia ou outra ciência. Quanto ao shiatsu, a Fisiologia mostra como o
toque promove reações parassimpáticas, especialmente as antálgicas e no
combate ao estresse. E confirma: podemos trocar o sentido e a toque que o
resultado será o mesmo. Quanto aos meridianos, pois é, não se
comprovam. A teoria energética inicial diz que a energia acompanha os
trajetos do sangue, assim encontramos alguns trechos dos supostos meridianos
acompanhando ora o sistema circulatório, ora o sistema linfático e, por
vezes, algum neurônio. O fato de existirem essas peças anatômicas não prova a
existência dos meridianos, pelo menos não para quem não tem obsessão por esta
prova. Faça o teste. Fiz por anos, tentei de todas
as maneiras comprovar a existência dos meridianos. Mas até hoje os sigo. Por
motivos óbvios. Quando ofereço o shiatsu ou quando o cliente me contrata para
uma seção de shiatsu, tenho a obrigação de servir o shiatsu, certo? Afinal,
seu efeito é realmente impressionante. Isto inclui as manobras certas e seguindo
os meridianos. Tenho certeza de que, se fizer o shiatsu errando os medianos,
desde que mantenha os mesmos toques, terei o mesmo
resultado. A Fisiologia me apoia. Mas, pela questão ética, os sigo. Foi o pontapé inicial. Graças a essa
experiência me viciei em Fisiologia. Hoje consigo explicar todas as teorias
energéticas cientificamente, um grande diferencial em todos os meus cursos e
a mola mestre no sucesso do meu trabalho. Quanto ao curso de shiatsu. Continuo com o
curso, certamente. É uma técnica muito interessante e valiosa, com ótimo
efeito parassimpático: combate a sensação dolorosa, atua positivamente no
mecanismo da compensação e ainda tem ótimos efeitos no combate ao estresse.
Não deve faltar entre as técnicas de um bom terapeuta. Só que, em vez do
curso durar seis meses, a mesma prática dura apenas 18 horas ou um pouco
mais. Claro que há mecanismos de qualidade do curso, como um DVD completo com
toda a prática e ainda mostrando o trajeto dos meridianos. Mas sem uma teoria
energética longa e complicada, posso me concentrar apenas na prática, daí a
redução da carga horária do curso. Sobre o curso Shiatsu
Completo. Para voltar à relação de textos Enganos e Lendas da
MTC. Ou não. |
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