Salada energética |
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Sobre
os conceitos de energia Todo aquele que se aventurar a falar de
energia esbarrará nos conceitos. Quase sempre quando insinuo que discordo do
conceito popular de energia, ouço a crítica então você não acredita que
tudo é energia?, numa clara alusão à equação einsteniana
e=mc2. Ora, os vários conceitos de energia não se
misturam numa mente clara e bem-informada. Conceitos
confusos Os conceitos de energia, no saber popular,
são confusos. Primeiro porque, como cada um tem o seu
conceito, acredita que este é o verdadeiro e todos os outros que não lhe
forem fiéis estão incompletos ou errados. Segundo porque tentam pegar carona com as
ciências. Na Física, uma energia se converte em outra. Mas a energia que
sentimos não é uma destas energias, apesar de muitos afirmarem que sim. Ora, os conceitos de energia na Física, na Psicologia
e na Filosofia são distintos, não dá para misturar ou associar, sob pena de
confusão. Energia
nas ciências Teoricamente toda matéria pode ser convertida
em energia e este valor é calculado pela equação einsteniana. Energias potencial, cinética, térmica, elétrica,
química e as outras podem ser convertidas umas nas outras, há fórmulas,
equações e inúmeras experiências para comprovar. Energia
nas Medicinas Antigas As medicinas primitivas e ritualísticas acreditavam que os males eram provocados por entidades malignas, como já comentei no texto Energia na Saúde. Coube então à Medicina iniciada por Hipócrates associar os males a energias negativas. Os vírus só foram identificados nos primeiros anos do
século XX com o advento do microscópio eletrônico, assim como os hormônios após a Segunda Grande
Guerra. Como explicar as doenças sem ser um guia espiritual?
Hipócrates era um técnico que auxiliava feridos em guerras, não um sacerdote.
Foi aqui que passaram a utilizar explicações energéticas para as doenças. Gengibre aumenta o metabolismo, então teria a
energia do Fogo, assim como o café, por conter cafeína, teria a energia do
Vento. Energia
na Medicina Ayurvédica Mas a primeira Filosofia a falar de energia
certamente foi a ayurvédica. Os tridoshas ou 3 energias: kapa, pita e vata. Energia
na Medicina Chinesa Há quem divulgue e afirme que as teorias dos
Cinco Elementos são conhecidas e práticas na China há milênios. Não é bem
assim. Esta teoria foi apresentada por volta do século XIII, mas só foi
efetivamente utilizada na Medicina Chinesa com a sua sistematização após a
Segunda Grande Guerra. Algumas obras históricas comentam que o afastamento
dos rituais e tratamentos se deu na dinastia HAN (206 AC a 220 DC), outras
preferem fazer a secção durante a dinastia MÍNG (1368-1644). Se considerarmos
Medicina quando não há mais a relação entre os rituais e entidades com a
cura, a segunda data é mais plausível. Momento em que o conceito de energia
maligna passou a responder pelas doenças. Energia
freudiana Existe a energia psíquica freudiana, ligada a
valor. Conforme a percepção que temos de um objeto, investimos nele tempo,
dinheiro, atenção, autoridade, amor, enfim, valor ou Energia. O sistematizador da psicanálise, ao reparar
que não existem comportamentos instintivos[1] no
ser humano, percebeu que a força gerada pelas necessidades (fome, sede,
instinto sexual etc.) são canalizadas a comportamentos influenciados pela
cultura e que variam conforme essa energia ou valor: quanto mais tempo,
dinheiro e valor investido, maior a energia psíquica gasta. Ora, este conceito de valor não pode ser
convertido em energia potencial, por exemplo. Não se mistura com os conceitos
da Física. Energia
que sentimos Mais de um conceito para energia. O senso comum, copiando a termodinâmica, associa
o termo energia à quantidade de calor. Quanto mais quente (maior a
temperatura), mais cheio de energia. O senso comum também transporta este
conceito a algumas atividades humanas: quanto mais ativo, mais bem disposto,
mais potencialmente capaz, mais cheio dela. Neste caso, existe coerência com
a Física, já que considera a energia potencial, a energia do movimento e a
energia investida no trabalho. Existe, em destaque e provocando confusão, a
energia que sentimos. As pessoas, os objetos e os lugares podem nos provocar
sensações, agradáveis ou não. Toda sensação é sentida por um grupo de
neurônios. Quando ela é agradável, os neurônios acionados possuem núcleo ou
fazem sinapse (contato) com neurônios cujos núcleos ficam na área do cérebro
ACCUMBENS, onde ficam os núcleos de prazer, em destaque a sensação de calor
agradável (as sensações de queimação e dor afetam outra área). Quando a
sensação é desagradável, acionam-se os neurônios de alerta e o sistema
simpático, responsável pela sensação negativa. A confusão se dá porque
pensamos que as sensações agradáveis (ou positivas) e desagradáveis (ou
negativas) fazem parte daquela pessoa, objeto ou local que eliciou a
sensação. Tenho o hábito de, para demonstrar meu
intento, perguntar o que um católico que entra em uma igreja do século XVII
sente ao deparar com um altar todo revestido de ouro, ao ouvir que aquele
lugar acumula 400 anos de oração. Passei por isto e vi um grupo de religiosos
se emocionarem às lágrimas. Caso estivesse com meus amigos evangélicos, que
associavam as imagens ao Inimigo, tenho certeza de que sentiriam emoção bem
diferente, como medo ou agressividade. Outro amigo, negro e envolvido com a
luta pela valorização da raça negra, pensaria no trabalho escravo e sentiria
tristeza, não prazer, como o primeiro grupo, medo ou agressividade, como o segundo. Ora, cada um deles sente uma energia vinda do
ambiente. Como sentimos energias vindo de pessoas e lugares. Nosso sistema
perceptível nos fornece essas sensações, mas são percepções subjetivas,
individuais. Para uma mesma situação e pessoas diferentes, não a sentimos
igualmente, mas conforme nossas experiências. E pensamos, temos certeza
mesmo, que essa sensação se refere à energia do objeto que percebemos, daí a
confusão. Mas o mais complicado é quando invocam a
Física Quântica. Suas observações e conclusões são utilizadas para confirmar
teorias energéticas e algumas religiosas como se estas áreas fossem
associadas. A Quântica refere-se à observação de partículas infinitesimais e
com tempo próximo de zero, algo na faixa de 10-17 minutos.
Utilizar suas equações e conclusões para falar de emoções e espiritualidade
humanas deixa qualquer cientista da área aflito. Mas como são raros os que
compreendem o campo e inúmeros os que se utilizam dele para divulgar suas
crenças... Misturar emoções, percepções e conhecimentos
faz parte de sermos humanos. Ter muita dificuldade para perceber esta
confusão, também. Mas se pudermos diferenciar estas coisas, menos confusões e
discórdias teremos no nosso dia a dia. Quer mais informações? Envie mensagem para
o WhatsApp (21) 97720-9407 ou o e-mail [email protected]. Voltar à relação de textos Enganos e Lendas da
MTC. Ou não. |
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[1] Instintivos seriam os comportamentos comuns a todos da
espécie e que são eliciados sem estímulo.