DRS.51 a 54

A gastrite somática – Terapias para refluxo e gastrite - Ponto do estômago


Este texto pretende explicar:

ü Por que o ponto do estômago dói quando a pessoa sofre de refluxo ou outro problema estomacal, se não há ligação anatômica entre o ponto e a víscera. Ponto do estômago.

ü Como um quadro de estresse consegue estimular a produção de suco gástrico facilitando a gastrite, o refluxo e seus desdobramentos. A gastrite seria regularmente somática.

ü Por que a Fisioterapia e as Alternativas são eficazes no tratamento da gastrite e do refluxo. Fisioterapia e Alternativas no tratamento do refluxo e da gastrite.

 

Questão inicial: o ponto do estômago

Não há vínculo anatômico entre a popular boca do estômago e a víscera!

Todo mundo conhece a boca do estômago. Em acupuntura, é o tsubô (ponto de entrada e saída de energia) VC12. Está presente também nos chakras indus, é o Manipura chakra ou chakra do estômago. Conhecido popularmente: este ponto fica sensível quando a pessoa sofre de problemas estomacais. Localiza-se entre o umbigo e o processo xifóide.

Mas não há qualquer ligação entre este ponto e a víscera.

A Anatomia não relaciona nenhum neurônio, nenhuma fáscia, nenhum músculo, nenhum reflexo neurológico, nada entre este ponto e o estômago. Mas costumamos sentir dor ou queimação aí quando em crise estomacais. Já muito ouvi e vi pessoas colocarem a mão sobre o ponto e afirmarem meu estômago está duro hoje ou está dolorido.

O ponto se localiza subcutaneamente (logo abaixo da pele), provavelmente ainda na fáscia de Camper (camada fascial mais superficial, rica em gordura), enquanto que a víscera (o estômago) se localiza bem mais profundamente, atrás dos músculos reto-abdominal, oblíquos externo e interno e transverso do abdomen. E é bem maior que ponto, mas só ele dói, seja a lesão estomacal na parte superior, inferior, frontal, lateral ou posterior da víscera.

Há explicação na MTC, na teoria dos chakras e em outras teorias energéticas: a Energia entra ou sai por este ponto para fazer nutrir a víscera e entrar ou sair do meridiano (canal de energia) do Estômago.

Eu usei isto para divulgar que os meridianos deveriam existir. Até ser apresentado à Neuroanatomia Embrionária.

Sobre o embrião humano

No desenvolvimento embrionário humano, tudo começa com apenas uma célula. O organismo, um osso, um músculo, tudo inicia a partir de uma delas. Bom, em estágios embrionários mais avançados, é comum uma estrutura se unir à outra, como alguns neurônios que se unem formando um terceiro.

Imaginemos o desenvolvimento de um embrião humano. O ovo (óvulo fecundado) chega ao útero já bem mitosado (dividido em muitas células), por isto o nome mórula ao se prender à sua parede. Esta mórula faz uma dobra sobre si mesma e esta região futuramente será a região da coluna. Cada vértebra tem o seu início numa célula. Imagine as vértebras se formando. Durante isto e entre estas, inicia a formação dos neurônios. À princípio apenas um neurônio-embrião entre cada par, que se dividirá em muitos, alguns destes se unirão a fragmentos de neurônios-embriões originados em outros espaços intervertebrais, formando o sistema nervoso.

Considerando os neurônios que passam pelo mesmo espaço interdiscal, sabemos que tiveram o mesmo neurônio-embrião.

Pois é o caso dos músculos diafragma e reto-abdominal e a víscera em questão. O ponto boca do estômago refere-se ao ponto gatilho do músculo reto-abdominal, o ponto onde o músculo começou a se desenvolver no embrião. Os neurônios motores dos músculos reto-abdominal e os da mucosa gástrica tiveram o mesmo neurônio-embrião por origem! No organismo já formado, eles têm tractos diferentes (caminhos até o cérebro). Têm em comum apenas o forame (espaço interdiscal em que passam seus pulsos para a medula, para chegarem ao cérebro).

Mais um detalhe. A maioria dos neurônios têm bainha de mielina. Uma capa proteica que funciona como fita isolante, como a capa dos fios que temos em casa: com a função de não haver perda de carga elétrica. Durante a passagem pelo forame, algo em torno de até um centímetro, os neurônios perdem a bainha de mielina: são muitos neurônios que passam junto, precisam diminuir a espessura.

Segunda questão: Relação psicossomática do estômago

Agora voltemos nossa atenção às reações orgânicas ao medo. Estresse, situações de ameaça e insegurança acionam o nosso sistema nervoso simpático. Entre as reações está a contratura dos músculos já citados (reto-abdominal e diafragma): passamos à respiração torácica.

Nossos pulmões possuem lóbulos: o superior e o inferior. Para encher os pulmões superiores, utilizamos prioritariamente os músculos peitorais e chamamos esta respiração de torácica. Para os inferiores, prioritariamente o músculo diafragma em parceria com o reto-abdominal, reconhecida por respiração abdominal.

As situações comentadas – de ameaça, estresse e insegurança – promovem certa contratura contínua nos músculos da respiração abdominal, mantemo-nos em estado de atenção e proteção. Acionamos nossos músculos no intuito de defesa, e os músculos abdominais possivelmente também para proteger nossas vísceras. Em casos em que a situação de ameaça se mantém, também se mantém a contratura desses músculos. O que os esgota e deixa seus pontos gatilho acionados (doloridos), no caso, a boca do estômago.

Sabemos que quando o estômago está cheio, a pressão na mucosa provoca a produção de suco gástrico. Temos terminais nervosos na mucosa gástrica para esta função. Apenas assim deveríamos produzir o suco. Mas o estímulo inconsciente e contínuo dos referidos músculos consegue, mesmo sem alimentos no estômago, estimular os terminais nervosos responsáveis pela produção do suco gástrico, facilitando a gastrite, o refluxo e, posteriormente, úlceras nesses locais. Porque, não havendo alimentos na víscera, o suco gástrico irrita e desgasta a mucosa.

O processo se torna uma bola de neve. A irritação da mucosa gástrica inclui a irritação dos neurônios estomacais; estes neurônios não sentem dor porque não têm terminais nociceptores, mas são estimulados pelo ácido gástrico; este quadro elicia irritação dos neurônios dos músculos associados pelo dermátomo, aumentando a contratura dos músculos.

Só para não confundir os músculos. O estômago tem um músculo a sua volta, responsável pelos seus movimentos de inflar e esvaziar, também por regurgitações (vômitos, que também participam o reto-abdominal e o diafragma). Mas não é deste músculo que estamos falando.

Concluindo: o estado de alerta promovido pelo estresse, Burnout e outras situações que acionem o nosso mecanismo de defesa (o sistema nervoso simpático), por manterem certos músculos tensos e seus neurônios estimulados, consegue estimular também o neurônio responsável pela produção de suco gástrico, o que facilita a gastrite o refluxo e seus desdobramento, como úlceras duodenais.

Outras possibilidades

Não negamos que sal, gordura, café e outros alimentos facilitem os males em questão. Mas temos tendência a associar isto ao agravamento, não à origem dos males em questão. Possivelmente o estresse ou algo que sobrecarregue os músculos é necessário ao mal.

Como exercícios abdominais em excesso. Tenho a impressão, apenas baseado em minha clínica (quatro décadas) e sem pesquisa que confirme, que a gastrite e o refluxo tem alta incidência em frequentadores de academias e fisioculturistas. Também encontrei certa incidência entre profissionais que utilizam intensamente seus músculos abdominais, como pedreiros, serventes da construção civil e limpadores de terreno (trabalham em capina). Infelizmente ainda não vi nenhuma pesquisa com estes dados.

Gostaria de ter pesquisas, não opiniões, nestes campos.

E para que serve esta informação?

Sabemos que pessoas são recomendadas a tomar até o fim de seus dias o omeprazol ou similar para o tratamento da gastrite e do refluxo. E nenhum terapeuta pode suspender tal orientação, apenas médicos. Mas podemos sugerir práticas integrativas ou alternativas.

Sabemos e percebemos que os casos de refluxo e gastrite costumam estar associados ao estresse ou à insegurança, situações que acionam o sistema simpático. Entre os efeitos, há a contração do músculo reto-abdominal e outros (acionamento de seus neurônios). Estes neurônios fazem contato com os da mucosa gástrica ao passar pelos forames interdiscais e os aciona porque, neste local ambos estão sem as bainhas de mielina, promovendo a produção de suco gástrico mesmo com o estômago vazio.

Ora, o relaxamento dos músculos promove redução dos estímulos nos neurônios, que por sua vez aliviam as reações gástricas. E assim se explica como yoga, massagem, Fisioterapia, pontos gatilho, certas técnicas de respirar, acupuntura e outras terapias que relaxam a musculatura abdominal funcionam.

 

Conte-me sua experiência!

Muito somaria a este trabalho experiências. Você, terapeuta ou fisioterapeuta, já tratou a gastrite, seja a sua ou a de seu paciente? Com que recurso? Pode, por favor, relatar sua experiência?

 

Sobre a sindromização.

 

Voltar à relação de Reflexões para a Saúde.

Voltar à página inicial.