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Sobre falácias

 


O estudo das falácias é peça necessária aos que pretendem estudar conosco os mecanismos de controle social. E o Sistema, que as usa para este controle, em nada contribuirá para isto. Pelo contrário, sustenta muitas falácias e destas depende. Muita resistência e imunidade cognitiva podem ser esperadas.

Falácias são pensamentos ou narrativas que nos agradam, que atendem aos nossos desejos ou crenças e, por isto, passam por verdades. Falácias não são obrigatoriamente mentiras, tampouco Fake News, mas possuem algum tipo de engano, sempre. Pode, por exemplo, ser apenas uma possibilidade, não um fato.

Falácia preto no branco

São falácias em que erroneamente fica subentendido que temos apenas duas opções.

Por exemplo:

·        Primeiro eu devo me amar, para depois amar os outros.

·        Eu mereço ser feliz.

·        Devo ser fiel aos meus sonhos e desejos.

Como se só tivéssemos mesmo só duas opções:

·        Ou eu devo me amar e desprezar os outros, ou eu devo me desprezar e amar os outros.

·        Ou mereço ser feliz, ou não mereço.

·        Ou sou fiel, ou infiel, aos meus projetos.

Ora, há erro de lógica. Já comentamos isto em outros textos (Eu mereço ser feliz e Primeiro tenho de me amar para poder amar os outros pelo WhatsApp).

Falácia Apelo à antiguidade

Falácia apelo à modernidade ou à antiguidade: quando o fato de ser mais novo (ou mais antigo) é utilizado como prova de ser, por isto, melhor ou mais próximo da verdade.

Em certo texto escrevi: como há mais de 40 anos que estudo o comportamento humano, sou levado a acreditar que...

Ora, o fato de ter anos de estudo e ter cursado Psicologia é indicativo de ter acumulado algum saber, logo, tenho chances de estar certo. Mas a oração é uma falácia, pois meu saber não é prova de que o que eu escrevi a seguir é, de fato, uma verdade, é apenas uma percepção possivelmente certa. Optei por retirar aquela expressão do texto. Todos nós fazemos usos regulares de falácias para comentar nossas opiniões e experiências. Normal, comum, necessário, impossível de não ser assim, apenas que seja de forma consciente.

Entenda: o fato de não ter uma relação necessária, não impede que a informação possa ser verdadeira. Há inúmeras modernidades que superam os antigos, mas não é por ser atualizado que se possa garantir a superação, há casos em que os métodos e argumentos antigos, porque foram mais testados, estão mais perto da qualidade e da verdade. Logo, utilizar a modernidade ou antiguidade para justificar algo costuma ser falácia.

Pesquise e exemplifique esta falácia.

Falácia Repetição à exaustão

Quando uma informação é passada em diversos mecanismos de mídia, por exemplo, repetida à exaustão, até que aparente ser uma verdade. Em política isto é regular. Muitas notícias de cancelamento ou destruição da imagem de concorrentes começaram com uma notícia falsa. Mas tão divulgada, viralizada, comentada e cobrada que gera comoção e atitudes.

Atribui-se a um ex-ministro da propaganda alemã naz-ista, Joseph Goebbels, a adesão e a aplicação maciça deste artifício.

As falácias repetição à exaustão, como todas as falácias, não são sempre mentiras, muitas vezes são apenas uma faceta ou a possibilidade que se quer maliciosamente destacar. Pessoas podem ver possibilidades nas atitudes de outras pessoas. E usar das mídias para divulgar essas possibilidades até que se tornem aparentemente verdadeiras e promovam os resultados esperados.

Pesquise e exemplifique esta falácia.

Falácia Ataque ao interlocutor ou ad homine. Ou falácia  Homem de Palha ou Espantalho.

Falácia típica em pessoas impossibilitadas ou incapazes de contrapor um argumento. Supõem-se uma desvirtude ao contestador e, a partir dela, o desmerecem.

É a falácia do cancelamento.

Estes falaciosos atribuem desvirtudes, falsas acusações ou apenas possibilidades ao locutor. Exemplos. Seguidores da sua religião seguem ao demônio! O seu político preferido é nazista! Tal pessoa é tóxica! Você vai sonegar os impostos dos valores que arrecadou. Egoísta!

E a partir desta especulação passam a vociferar os males desse espantalho à vitima de seu cancelamento, como se, de fato, a pessoa tivesse a tal desvirtude ou mau comportamento. Como comentei em Você é o dono da verdade.

Pesquise e exemplifique esta falácia.

Pesquise mais tipos de falácia

Falácia ladeira escorregadia. Quando a pergunta ou colocação já tem alguma acusação ou ambas as respostas – positiva e negativa – servirão para confirmar a especulação inicial.

Falácia apelo à ignorância. Quando se conclui que a informação é falsa ou verdadeira porque ninguém a provou ainda.

 

Conclusão

O estudo das falácias é muito, muito amplo. E há muitos tipos de falácia. Procure se aperfeiçoar. Não se esqueça que o Sistema utiliza dessa ignorância para aumentar a polarização, o emburrecimento e os outros mecanismos de controle na sociedade. Estudar falácias vai fazer você aumentar o seu senso crítico.

 

Sugestões

https://www.infoescola.com/filosofia/falacia/

https://papodehomem.com.br/falacias-logicas/

https://www.netmundi.org/home/2014/links-filosoficos-falacias/

Pesquise outros links – tipos de falácia.

 

Reflexões complementares

Peixes não sobem em árvores (peça os links do vídeo e do repost crítico).

Reflexão retirada da internet (Rolf Dobelli, A Arte de Pensar com Clareza, p. 227-8). Desde que comecei a coligir erros de raciocínio e a anotar as suas características, costumam perguntar-me: “Senhor Dobelli, como é que consegue viver sem cometer erros de pensamento?” E a resposta é: não consigo. Para ser exato, nem tento. Evitar os erros de pensamento está ligado ao esforço. Estabeleci, para meu uso, a seguinte regra: nas situações cujas consequências possíveis são sérias (…) tento decidir da forma mais sensata e racional que for possível. Nas decisões cujas consequências são menos sérias (…), prescindo da otimização racional e deixo-me guiar pela minha intuição. Pensar com clareza custa. Por isso, se os danos possíveis são pequenos, não mate a sua cabeça e permita-se errar. Viverá melhor assim.

O que você entende?

Reflexão. A aposta de Pascal.

 

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